Nísia Floresta: a autodescoberta que revolucionou

Nísia Floresta: a autodescoberta que revolucionou

Estes são os dois primeiros capitulos que esta a venda na Amazon

1.NASCE UMA GUERREIRA

 

Em 1808 o advogado português Dionísio Gonçalves Pinto Lisboa se casa com uma jovem viúva que tinha por nome Antônia Clara freire que era brasileira, dessa união nasce à primeira filha que mais tarde vem se tornar uma das maiores defensores dos direitos das mulheres, e torna-se um dos maiores nomes da literatura da época. Foi no dia 12 de outubro de 1809 como consta em alguns registros, mais o mais provável seria o ano de 1810, na pacata Vila Imperial de Papary, no interior do Rio grande do Norte. A menina recebeu o nome de Dionísia Pinto Lisboa em homenagem ao seu pai.

Nada ou quase nada foram registradas da infância de Nísia Floresta, apenas algumas lembranças registradas em alguns de seus livros. Não se sabe se ela chegou a frequentar alguma escola pois não se consta registros de escolas da época no município e o acesso a estas instituições eram uma regalia do sexo masculino, conta a história oral que foi passada de geração para geração que Nísia floresta teria sido autodidata e suas primeiras letras fora ensinada por seu pai, que era advogado e portanto um homem bastante instruído e amante da leitura, o que proporcionou a Nísia Floresta o acesso aos livros e ao mundo do conhecimento.

Nísia Floresta fora poliglota, tinha grande facilidade de se comunicar em outras línguas, o que possibilitou a leitura de importantes livros, e um dos que mais inspirou a feminista foi a obra de Mary Wollstonecraft (1759 – 1759) – “ Vindication of the rights of woman””publicado em 1792, que ela fez uma tradução livre para a língua portuguesa: “Direito das mulheres e injustiça dos homens”. A autora inglesa em sua obra defende a igualdade entre os sexos, numa Europa onde ainda prevalecia a soberania dos homens, apesar de já existirem movimentos pela emancipação da mulher, este inspirou as reflexões de Nísia Floresta sobre o papel da mulher na sociedade. A feminista brasileira não fez apenas uma tradução, mais uma inspiração que resultou na primeira obra literária que denunciava os preconceitos no Brasil e na América Latina contra a mulher, em seu livro ela sabiamente defende os direitos das mulheres quando faz esta indagação:

 

... Se este sexo altivo que fazer -  nos                                  Acreditar que tem sobre nós um direito Natural de superioridade porque não nos prova privilégio que para isto recebeu da natureza, servindo-se de uma razão para se convencerem?

( FLORESTA; 1989, 24)    

Como todas as meninas da sua geração, Nísia deveria ter sido criada para ser esposa, mãe e dona de casa, mais ela foi muito além destas atribuições que eram dadas as mulheres no século XIX, ela inspirada pelo seu pai que era um homem de letras aproveitou ao máximo todo o conhecimento que os livros do seu genitor podia lhe oferecer.

Mas a sua infância não durou muitos anos, pois ainda nos primeiros anos da sua adolescência, com apenas 13 anos foi dada em casamento ao Senhor Alexandre Seabra de Melo, casamento este imposto pelos seus pais, pois era o costume da época os pais escolherem os maridos das filhas mesmo que fosse contra a vontade delas.

 

2 SEU PRIMEIRO GRITO DE LIBERDADE

 

      A primeira prisão de Nísia Floresta foi seu casamento com Manuel Alexandre Seabra de Melo, casamento este que foi imposto pelos seus pais segundo a mentalidade da época que acreditavam que esta atitude seria a melhor para a sua filha. Naquela época se acreditava que seria melhor ver as suas filhas casadas, mesmo que por conveniência do que ficar para titia, como se chamavam as moças que não se casava naquela época, existia muito preconceito com as mulheres que não se casavam, usavam termo pejorativos tipo solteirona, vitalina e outros, termos, estes muito constrangedores para as mulheres.

As jovens eram dadas em casamento, sendo privadas do direito de estudar e seguir uma profissão e de torna-se uma pessoa realizada. Mas esta não era a realidade que Nísia Floresta queria para sua vida, nem muito menos aquele era o homem que tinha escolhido para dividir a sua vida, aquela jovem queria viver um grande amor, ser respeitada como mulher e senhora da sua vida.

O marido de Nísia Floresta era um proprietário de grande quantidade de terras, mas era um homem sem muita instrução, ele não estava preparado para ser o marido de uma mulher com o intelecto de Nísia Floresta.

O casamento foi realizado no ano de 1823 em Papary, mas durou apenas alguns meses e Nísia Floresta abandona o marido e retorna para a casa dos seus pais. Atitude ousada para aquela época, pois era preciso muita coragem para romper os laços do casamento, que eram considerados santos e eternos, mas aquela jovem enfrentou as consequências de suas atitudes, sofrendo preconceitos, sendo chamada de adúltera e como diz um velho ditado popular “ caiu na boca do povo” e durante muito tempo seus conterrâneos não haviam com bons olhos, segundo a oralidade popular Manuel Seabra de Melo não se conformou com a atitude de sua esposa, lhe fez ameaças no intuito de tentar restaurar seu casamento, mas foi tudo em vão. Nísia Floresta volta a morar com seus pais e segue em frente construindo seu destino para se tornar a maior defensora dos direitos das mulheres de sua época, esta atitude foi o seu primeiro grito de liberdade.